Condomínios também ficam doentes e colocam em risco a saúde física e financeira dos moradores. Veja como manter a longevidade com a manutenção predial periódica.
Longevidade. De pessoas, de equipamentos, da estrutura e até, por que não, da vida financeira do condomínio. Longevidade deveria ser a palavra de ordem quando o assunto é manutenção predial periódica. No entanto, na prática, as que mais comumente vêm à mente de síndicos e administradores são custos, gastos, despesas.
O resultado são prazos vencidos, máquinas defeituosas, fraco desempenho de sistemas, paralisações inesperadas, desvalorização dos imóveis e até mesmo tragédias. Em outras palavras, prejuízo.
Veja por que a manutenção predial periódica significa economia e gestão inteligente, garantindo vida longa e próspera para o condomínio.
A norma NBR 5674 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é bastante clara já em sua introdução. “É inviável, sob o ponto de vista econômico, e inaceitável, sob o ponto de vista ambiental, considerar as edificações como produtos descartáveis.”
E só produtos descartáveis não merecem manutenção periódica, já que são feitos para serem integralmente substituídos em pouco tempo. É claro que não é o caso de edifícios.
Além de todo o custo da construção e instalação, há ainda o problema de espaço, tão comum nos grandes centros, que torna todo projeto ainda mais caro.
Por isso, a recomendação da ABNT é que a manutenção predial periódica tenha início tão logo as instalações comecem a ser utilizadas. É uma questão de sustentabilidade.
De acordo com a Associação, apenas dessa forma é possível mantê-las nos níveis exigidos pela NBR 15575, de forma a proporcionar uma experiência segura para o usuário e garantir a sua longevidade, inclusive para as gerações futuras.
Na prática a falta de manutenção predial se transforma em prejuízos crescentes. De acordo com resultados mostrados no Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias, 57% dos condomínios não realizam a inspeção predial periódica.
Por outro lado, dados do Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias em Engenharia de São Paulo (Ibape/SP) mostram que entre 80% e 90% desses edifícios apresentam problemas operacionais, de conservação e de segurança, só para citar alguns.
O mesmo estudo revela ainda que a falta de manutenção predial preventiva é a causa provável de 66% dos acidentes ocorridos nos empreendimentos.
Devemos pensar a manutenção predial como algo que renderá muitos frutos em longo prazo. Podemos fazer uma analogia com uma pessoa que faz exercícios físicos regulares para ter uma vida longa de qualidade, que mantém investimentos financeiros para ter uma aposentadoria melhor, ou que faz as revisões periódicas do seu carro para não ser “deixado na mão” num momento inoportuno. Todas essas medidas fazem sentido para o planejamento pessoal da mesma forma a manutenção predial funciona para as edificações.
Porém, quando o assunto é manutenção é comum surgirem argumentos errôneos e negativos em relação ao custo que um trabalho estruturado envolve. Pessoalmente aconselho que os responsáveis de seus condomínios experimentem os benefícios de uma boa gestão da manutenção e avaliem a qualidade dos serviços prestados e dos resultados obtidos. Uma vez que, esse trabalho seja sério e estruturado, com previsões de recursos físicos, financeiros e cronograma estratégico bem orientados, o único argumento negativo será: “por que não implantamos isto antes? ”.
Renata Dantas – engenheira da Habita
Um condomínio com problemas é um condomínio doente. Essa doença pode ser estrutural, sistêmica, financeira ou mecânica, mas a mais perigosa delas é a administrativa.
A má gestão de condomínios gera todos os outros males. Coloca em risco não apenas o patrimônio, mas a segurança de moradores e colaborares e, ainda causa, a desvalorização do imóvel pela deterioração das partes.
Como qualquer doença, a prevenção é o melhor remédio, mas mesmo depois de instaurada é melhor tratar a forma aguda do que a crônica da doença. Nesse estágio, o custo é bem maior, quando não irreversível.
Em vez de peças, é necessário trocar máquinas inteiras; em vez de obras estéticas para valorização do prédio, intervenções estruturais; no lugar de consertar vazamentos, os gastos se tornam verdadeiras hemorragias.
Cabe ao gestor ou à administradora de condomínios, portanto, a adoção de um planejamento em longo prazo, que incluam medidas que estendam a vida útil dos equipamentos, reduzindo o custo com substituições, paradas não programadas e acidentes.
Estar em consonância com a legislação e respeitar a orientação dos fabricantes sobre manutenção preventiva é adotar uma estratégia de cuidar para não faltar, fruto de uma administração de condomínios inteligente, eficiente e voltada para a sustentabilidade de todo o sistema condominial.
Mas essa é só a pontinha do iceberg de atitudes que podem aumentar a longevidade e a segurança no seu condomínio.
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